“Passado, Presente, Futuro”: A trajetória dos sonhos de futuros profissionais da Segurança Pública

27 de março de 2024 - 16:24 # # # # #

Edmundo Clarindo/ Elis França – Texto
Cristiano da Silva / Leandro Freire – Fotos

Assim como muitos jovens, Geovanny tinha uma família para sustentar e pouco tempo para sonhar. Mas, entre uma quentinha vendida e um intervalo de estudos nas madrugadas, ele obteve o lugar que tanto queria: aprovado no concurso da Perícia Forense do Estado do Ceará.

Hoje, aos 34 anos, após enfrentar desafios e ter tido resiliência, ele está em uma das turmas da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp/CE) em fase de formação para ser auxiliar de perícia.

PASSADO

Na trilha sinuosa da vida, às vezes, pensamos ter chegado a um destino final. Porém, esse ponto pode ser apenas o começo para uma nova etapa. Foi o que aconteceu com Bruno Leal Geovanny, 34 anos. Desafios foram muitos em sua trajetória. E ele precisou ter resiliência para chegar ao Curso de Formação Profissional da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce).

A trajetória do futuro auxiliar de perícia começou nos corredores da própria Pefoce, onde passou por diversos cargos administrativos. “Ao todo, eu passei quatro anos trabalhando como colaborador. Fui auxiliar na área administrativa, atendimento ao publico…”, relembra o aluno.

“Durante esses quatro anos, houve uma época em que fui desligado da função, mas depois retornei. ‘Tenho que ser servidor, retornar de uma maneira efetiva’. Sempre ficava pensando”, conta Geovanny. Ele ficou aguardando o concurso da Perícia Forense e começou a se dedicar.

A MATÉRIA DA PROVA É A MATÉRIA DA VIDA

A decisão de estudar para certame foi corajosa. Pai de família, ele se dividiu entre cuidar da filha recém-nascida, cozinhar para vender quentinhas em casa e, no tempo que sobrava, nas madrugadas, era possível lidar com os conteúdos do edital. Tudo isso  era válido para realizar o sonho.

“Eu morava com a minha mulher. A gente teve um bebê em março de 2011. Em maio saiu o edital. Foi até meio desmotivante o edital ter saído pelo fato da prova ser ali no começo de agosto e ter somente três meses para me preparar, mas com o incentivo da minha esposa eu passei a estudar e me adaptar. De manhã eu ficava cuidando da minha filha; à noite a gente vendia macarronada, porque a minha renda era essa: vender comida à noite. E estudava apenas de madrugada. Eu fechava meu negócio às 22 horas. E, às 23 horas, começava a estudar, indo até as 5 horas da manhã”, descreve Geovanny.

A MAIOR DIFICULDADE ERA VENCER A SI MESMO: PENSAMENTOS NEGATIVOS

A maior luta que o futuro auxiliar de perícia recordou foi contra a própria mente. Ele tinha apenas três meses para se preparar intensamente para o concurso. Mas, ao lado dele, estava a esposa. Ana Mara incentivava e ajudava a cancelar todos os pensamentos negativos que vinham enquanto ele se preparava para alcançar o objetivo no concurso.

 “A coisa negativa partia mais de eu pensar que não dava tempo de estudar. Mas o meu direcionamento foi totalmente mudado pela minha esposa, que dizia que ia dar tempo, que e ia dar certo, que eu me concentrasse, pois eu iria conseguir”, sublinha.

Os três meses tinham uma média de cinco horas de estudo durante as madrugadas. Já no concurso, enfim, veio a aprovação por um ponto de diferença.

“A gente comemorou bastante. Foi uma graça alcançada. Vi que todo aquele esforço não foi em vão”, celebra o aluno.

PRESENTE

Hoje, Geovanny faz parte do Curso de Formação. A Academia se tornou uma segunda casa para ele.

“Eu nunca tinha dormido longe delas (família) depois que a neném nasceu. A gente tem o coordenador do nosso curso, o senhor Túlio, os professores… A maioria é da Pefoce. Contei a história de que fui terceirizado e quis me tornar servidor. Não só comigo, mas todos da instituição querem a gente dentro, com eles. E a formação, aqui, é bem direcionada”, pontua o futuro auxiliar.

Para o futuro servidor, as disciplinas ministradas durante o curso de formação na Aesp/CE devem servir não somente para aplicar na profissão, mas também para a vida.

“Eu pensei que fosse mais teoria, mas eles passam para a gente a prática. A gente tem aula de simulação na Aesp. A gente até comentou na sala que essa seria matéria da prova e que essa é a matéria pra vida, pois que vamos passar a vida desempenhando essa jornada profissional. A Aesp prepara a gente nesses dois sentidos aqui”, opina.

FUTURO

Quando Geavanny fala do futuro, que está a um passo de ser presente, ele se emociona apenas em imaginar como será retornar à Pefoce, agora com servidor público efetivo.

“Às vezes, eu fico pensando, não sei nem se ficha nem caiu ainda; eu quero entrar lá para dar meu melhor. Foi uma coisa que eu sempre sonhei, pela qual me dediquei para conseguir chegar, foi a profissão que eu escolhi. Vou chegar lá para fazer o melhor, pois eu me preparei aqui para chegar lá e fazer”, prevê.

Fé em Deus e se concentrar naquilo que sonha

“Se você colocar na frente aquilo que você realmente deseja, por mais que o tempo seja corrido e você tenha que sacrificar seu lazer e horas de sono, uma hora a recompensa vai chegar!”