AESP participa de ação social na Comunidade do Gueto

22 de agosto de 2012 - 09:13

Representantes do Governo do Estado do Ceará participaram, na manhã de ontem, 20 de agosto, de reunião visando dar continuidade a um programa de alinhamento de ações sociais, inicialmente voltado para o enfrentamento às drogas, iniciado em julho deste ano. Este foi o terceiro encontro realizado, com o objetivo de promover o levantamento e a integração de iniciativas que contribuem, direta e indiretamente, para o desenvolvimento de políticas de enfrentamento à violência social, especialmente em comunidades socialmente vulneráveis.

O encontro contou com a participação do Diretor Geral da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará, o Ten-cel John Roosevelt Rogério de Alencar, idealizador do projeto quando ainda era comandante do Programa Ronda do Quarteirão, da Dra. Ariana Falcão, secretária-executiva do Gabinete do Governador, do representante da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) Vladyson Viana, e do 1º Ten PM Messias Mendes, representando o comando do Ronda do Quarteirão, responsável pela articulação entre a equipe de trabalho e a comunidade. A localidade escolhida para iniciar o projeto-piloto foi a Comunidade do Gueto, na Barra do Ceará, área na qual residem cerca de 480 famílias, recentemente pacificada pelas Unidades da Polícia Militar do Ceará, sob comando do Cel PM Werisleik Pontes Matias, comandante-geral da Corporação.


Ten-Cel John Roosevelt Alencar fala com moradores

Segundo o Diretor da AESP, a atuação experimental consistirá na identificação das lideranças locais, no diagnóstico das dificuldades encontradas, não apenas sob a ótica policial, mas de todos os órgãos envolvidos, e na priorização de soluções para esses problemas. ?Essa é, essencialmente, a filosofia da segurança cidadã?, afirma o Ten-Cel Alencar. Segundo ele, é fundamental que a comunidade perceba que a polícia é um importante instrumento nessa articulação social para melhorar a qualidade de vida da população e que ela própria seja parte dessa união de forças intersetoriais. ?Somos parte da solução do problema. Não somos o problema e nem podemos resolvê-lo sozinhos, por isso é importante que haja um trabalho conjunto. A intenção é dar o pontapé inicial para o resgate da autoestima desses cidadãos, possibilitando grandes transformações a partir de iniciativas simples, a exemplo do famoso conto ?O Vestido Azul??, afirma.

Para o Diretor, a responsabilidade social da AESP com este projeto está respaldada na própria Lei de Criação da Academia, que a incumbe não apenas de executar com excelência a formação inicial e continuada dos profissionais de segurança pública, mas também de proporcionar à sociedade, via Assessoria Especial de Extensão e Cultura, ações transversais de interesse da comunidade, que têm como objetivo superar os processos desiguais de acesso, fruição e vivência cultural.

Durante o encontro, foram definidos os próximos passos para inserção na comunidade. Será realizado um cadastramento das famílias, além da busca de parcerias. Com isso, poderão ser iniciadas ações de qualificação e promoção de saúde, dentre outras.

Após a reunião, a equipe partiu para uma visita exploratória na Comunidade do Gueto, para conhecer as condições de vida dos moradores e identificar suas necessidades mais urgentes. O grupo de trabalho foi acompanhado pelos moradores da comunidade, a exemplo dos senhores Francisco Carneiro e Luciano Gomes.

A visita provocou curiosidade e satisfação por partes dos residentes. ?Louvo a Deus pela presença deles aqui. Agora eu sei que alguém está olhando para essas pessoas que vivem em situação de completa miséria?, declara o senhor Luciano.

Para o Ten PM Messias, o experimento tem mostrado resultados expressivos. ?Nos primeiros contatos com a comunidade era fácil perceber uma forte resistência. Os moradores demonstravam certa aversão e muitos tinham medo de falar conosco, por medo de sofrerem represálias de infratores. Através de muito diálogo, construímos uma relação de confiança com essas pessoas e agora contamos com o seu total apoio, pois elas perceberam que somos um braço do Estado e que, mais do que segurança, representamos o compromisso do Governo em assisti-los com serviços essenciais, fundamentais à garantia de dignidade e respeito ao cidadão, princípios básicos da filosofia do policiamento comunitário. Se fechássemos os olhos para a realidade dessa comunidade, estaríamos sendo indiferentes e fugindo da nossa responsabilidade de agente social?, afirmou o oficial do Ronda do Quarteirão.